Gabigol falha fora de campo, mas segue fundamental para o Flamengo

O que está feito, está feito. Gabigol errou feio em ir a um cassino clandestino, com o agravante de estarmos em meio a uma pandemia. Não é possível apagar nossos erros, mas é mandatório ser consciente dos mesmos e pedir perdão. Gabigol decepcionou muita gente e precisa entender o tamanho de sua importância para as pessoas.

A idolatria não se mede apenas pelo o que você faz dentro de campo. Ser ídolo é ser exemplo, ser um campeão nas atitudes e na forma de conduzir sua vida, dentro e fora das quatro linhas.

Ser idolatrado pela torcida do Flamengo, então, é um patamar acima. É ter mais de 40 milhões se inspirando e te admirando. É ver as crianças querendo ser você e os adultos fazendo gols nas peladas imitando sua comemoração.

Apesar disso, não podemos deixar de lado o que é construído no plano de jogo. E dentro de campo Gabriel Barbosa, de apenas 24 anos, é um fenômeno com a camisa do Flamengo. Os números não mentem: Gabigol é uma máquina de gols. Já são 70 em apenas 102 partidas. E o mais impressionante: em dois anos de clube.

Quando você alcança o tamanho que Gabigol atingiu no Flamengo, de ser alçado a ídolo do Mais Querido, sua conduta fora de campo precisa ser recheada de cuidados. Mas não para ser politicamente correto.

É sobre criar identificação com a sua gente, com aqueles que contam com você para ter um dia seguinte mais feliz. Ser ídolo é muito mais que empurrar a bola para dentro. É sobre entrar e permanecer no coração das pessoas. Para sempre.

Ainda que errar faça parte da vida de qualquer ser humano, ainda mais dos jovens, a cultura do cancelamento vem criando pessoas assustadas, medrosas e quase incapazes de aprenderem com seus próprios erros.

Com o linchamento virtual que se impregnou na sociedade mundial, pedir desculpas não basta. É preciso espezinhar, destruir (ou ao menos tentar) a vida de quem não agiu da forma que você esperava. Essa chaga não pode servir de atenuante para nossos erros, mas indica a forma perigosa que vivemos atualmente.

Gabigol pisou na bola. Errou. Decepcionou muitas crianças e também vários marmanjos, mas veio a público e se desculpou. Admitiu que não teve atitude correta e que sabe que é referência para muita gente. E segue predestinado, sim.

Apaga o erro? Claro que não, mas fez o que estava ao seu alcance momentâneo. Se foi verdadeiro, não tem como cravar, mas ao menos se expôs em rede nacional. E chega de caça às bruxas! Chega de julgamentos! Errar faz parte. O aprendizado é que define o caminho que pretendemos seguir.