A transformação do Athletic com Marcelino

Um dos clubes mais tradicionais da Espanha, o Athletic passa por alguns altos e baixos nos últimos anos. Uma instituição que no começo da última década chegou até em final de Europa League não conseguiu manter o nível competitividade, muito por sua filosofia de usar apenas jogadores bascos. Porém, isso ficou ainda mais escancarado nas últimas duas ou três temporadas, principalmente pela saída de Ernesto Valverde, que fez grande trabalho entre 2013 e 2017. Só que após passagens bem ruins de José Angel Ziganda Eduardo Berizzo, além de momentos irregulares com Gaizka Garitano, o Athletic precisava se mover e foi em Marcelino García Toral que o clube encontrou a solução que tanto precisava.

O treinador estava sem trabalho desde que foi demitido de forma conturbada do Valencia em setembro de 2019, depois de conquistar uma Copa do Rei importantíssima em cima do Barcelona. Com isso, ele mesmo deu um tempo para pensar, mas combinou o sempre empolgante projeto do Athletic e suas ambições. No começo de 2021, ambas as partes chegaram a um acordo e o resultado foi simplesmente imediato, pois semanas depois o clube conquistou a Supercopa da Espanha vencendo Real Madrid e o próprio Barcelona, este na decisão. Dois meses depois, a equipe chegou a sua segunda final consecutiva de Copa do Rei, tudo isso em cerca de 60 dias com Marcelino no comando.

Há dois meses, tempo que Marcelino estava sem clube, o Athletic era um time sem perspectivas e estagnado em um futebol burocrático e sem brilho com Gaizka Garitano, que, por mais que tenha iniciado muito bem sua passagem após a saída de Eduardo Berizzo, foi perdendo força e o futebol do time ficou burocrático, sem nada novo e um trabalho simplesmente saturado. Era claro que a diretoria deveria se mexer para tirar o time do limbo.

Além de ganhar uma nova energia pela forma intensa com que Marcelino trabalha, de muita entrega, o clube basco viu alguns jogadores aparecerem ainda mais com excelente nível, como Alex Berenguer Unai López, além dos principais atletas retornarem ao rendimento esperado, como Iker Muniain, que, sem dúvidas, tem sido a grande referência do time. Não só os resultados, como uma maior regularidade em La Liga, final de Copa do Rei e título da Supercopa da Espanha, o Athletic entrega um futebol veloz, de transição, intensidade e que dá gosto de ver. Isso, claramente, é uma influência do seu técnico, já que não houveram mudanças de peças no elenco.

A grande questão aqui é saber como essa história vai se encaminhar. Com contrato até o meio de 2022, Marcelino Garcia Toral é conhecido pelo seu temperamento forte. Saiu de maneira conturbada dos seus últimos dois trabalhos (Villarreal Valencia) por exigir algumas coisas internas, já que ele é conhecido, também, por ser um grande manager. No Submarino Amarelo, a sua saída foi mais por questões de fim de ciclo mesmo. Nos morcegos foram os problemas com o dono do time, Peter Lim, que não agradaram nada o treinador, que encerrou seu trabalho, repetindo, após conquistar a Copa do Rei.

Não dá para prever o que irá acontecer. A diretoria do Athletic é mais consciente e entregou um projeto que Marcelino sabe como funciona, de trabalhar muito com a base e não contratar tanto, mas sim vender. O clube revela nomes importantes para o mercado e consegue excelentes vendas, mas sempre se renovando, exatamente pelo belíssimo trabalho em Lezama, base do clube. MGT terá de trabalhar sabendo essas limitações e, sem dúvidas, deve ter isso claro na sua cabeça. Resta saber até quando esse excelente trabalho, que está apenas no início, vai trazer resultados satisfatórios ao torcedor.