“Campeões vocês já são, ganharam tudo. Como vocês querem ser lembrados? Por um ano de títulos ou por uma era de títulos?”. A frase dita pelo técnico Rogério Ceni antes da partida contra o Internacional tem um claro lado motivacional, mas diz muito sobre o que esse grupo do Flamengo tem diante de si.
Seria esse Flamengo um time super campeão ou uma geração que pode construir uma hegemonia no futebol brasileiro? A resposta não é simples, mas pode começar a ser descrita na próxima quinta-feira, diante do São Paulo, na última e decisiva rodada do Campeonato Brasileiro 2020. Uma vitória garante o octacampeonato ao clube.
Todo mundo esperava o bicampeonato brasileiro do Flamengo (é o atual campeão nacional), do torcedor à mídia especializada. A supremacia rubro-negra em 2019 elevou esse grupo a um patamar que obviamente seria difícil de ser mantido. Mas o mundo do futebol é cíclico, tudo muda muito rápido. É preciso aproveitar as chances de forma voraz e implacável.
Aquele time encantador de 2019 morreu ao perder seu comandante. A saída de Jorge Jesus cobrou um preço alto ao Flamengo, que sofreu com as eliminações na Copa do Brasil e, principalmente, de forma precoce na Libertadores. Restava ao clube ser campeão brasileiro. A frase das faixas nos estádios estava de volta ao imaginário do torcedor: “O Brasileiro é obrigação!”.
Esse Flamengo camaleão de 2020/21 fez o torcedor rubro-negro viver uma montanha russa de sentimentos. A bipolaridade flamenga foi posta à prova, tamanha foi a oscilação do time durante o Campeonato Brasileiro. Houve quem cravasse que o Flamengo não tinha mais chances de título. Os mais radicais duvidavam até de uma vaga na fase de grupos da Libertadores.
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— Flamengo (@Flamengo) February 24, 2021
Mas o fato é que, lá no fundo, ainda que bem escondido, os flamenguistas nutriam um sentimento que é inerente ao rubro-negro: ser um otimista incorrigível. Pois aos trancos e barrancos, num misto de fé e descrença, o Flamengo chega à última rodada do Brasileiro líder pela primeira vez e a uma vitória do octacampeonato. Uma história tipicamente escrita para o torcedor do Mais Querido.
A expectativa pelo título é cercada de esperança e, obviamente, de desconfiança. Mas o rubro-negro incorrigível não trabalha com a tristeza. Ele visualiza a vitória, fantasia a comemoração, prevê o choro de emoção e o dia seguinte de regozijo e glória. Não há espaço para pessimismo, ainda que o torcedor saiba da chance do fracasso. É assim a vida de quem ama um clube. É assim um torcedor do Flamengo.
“Quando o Flamengo vence, há mais amor nos morros, mais doçura nos lares, mais vibração nas ruas, a vida canta, os ânimos se roboram, o homem trabalha mais e melhor, os filhos ganham presentes. Há beijos nas praças e nos jardins, porque a alma está em paz, está feliz”, Eliezer Rosa.
Não sei o que vai acontecer na próxima quinta-feira quando a bola rolar. Só sei que a massa rubro-negra, ansiosa, torce para o tempo passar mais rápido, aconteça o que acontecer. Rubro-Negro: um otimista incorrigível.